quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Caboclos - #Arquétipo 01#


Olá amigos e leitores.
Após iniciarmos nossos estudos, na tentativa de definir o conceito de Guias Espirituais, em nosso último post Guias de Umbanda quem são?. Presumimos ter contribuído para o entendimento geral que, a princípio, parecem simples, mais abrangem infinitas possibilidades, direcionamentos e interpretações. Estão diretamente relacionadas ao "produto" cultural de formação, dentre as quais, cada "célula" (casa/centro/tenda/terreiro) pode materializar em suas manifestações, atribuindo significados próprios aos nossos amigos invisíveis.  
Nossa última experiência de pesquisa voltada aos Caboclos, está no texto Caboclos e índios na Umbanda - Abordagem Histórica, onde o principal objetivo era buscar uma origem histórico-social para o termo tão popular em nosso vocabulário, o "Caboclo", e quais relações diretas que o termo possui com as manifestações dos Guias de Umbanda, representantes fundamentais do movimento.

Arquétipo - Caboclos

Primeiro vamos delinear o conceito da palavra "Arquétipo", para entendermos porque os espíritos militantes nas linhas de Umbanda podem ser esclarecidos à partir desta expressão. Segundo o Dicionário Aurélio observamos: 1. Modelo original; paradigma, protótipo.2. Filos. Forma superior, imutável e perfeita da qual os objetos e os seres do mundo sensível são meros simulacros. [V. ideia (13).].
Portanto, arquétipo é a forma, estado ou condição que os Guias Espirituais se utilizam ou possuem, para fazerem-se presentes nos trabalhos umbandistas, e no caso dos Caboclos esta forma geralmente é a de um Índio, reportando diretamente nossa memória histórica aos povos nativos do Brasil, mais que também, por outro lado, podem ser até nativos de outras pátrias.

Símbolo máximo da religião, nem melhor nem pior, a figura do Índio-Caboclo, têm relação direta com a história de fundação do culto, pois, através de Zélio Fernandino de Morais, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundou e delimitou as bases propositivas que estruturam as "células" umbandistas até hoje, deste modo, não por regra, mais por uma hierarquia natural, a figura dos Caboclos ganharam a condição de "chefes" ou "dirigentes" espirituais das casas e dos médiuns ligados ao movimento. Importante ressaltar, que essa característica não é um mandamento pétreo, pode ser que tenham leitores conhecedores de casas e terreiros onde a dirigência  das atividades sejam feitas por outros arquétipos comuns à Umbanda, mais em geral, são os Caboclos responsáveis por esta missão. 
São magistas por excelência e conduzem a manipulação das energias, vegetal e mineral de forma profunda, pois, em seus passes as receitas de defumações, banhos e oferendas aos Orixás são muito comuns, colaborando para a limpeza e ordenação de nossos espíritos. 
Apesar de naturalmente estarem atrelados ao Orixá Oxóssi, seus nomes de trabalho, ou seja, como se apresentam na Umbanda, na maioria das vezes refletem em qual dos Orixás esta irradiando naquele momento ou a qual é intrinsecamente mensageiro, esta associação acontece pela relação de afinidade entre eles e os Orixás, nas características e de que forma foram acolhidos á militarem nas casas espiritualistas.
Portanto, é bem comum os vermos Caboclos de Pena, Caboclos Cobra, Caboclos das Pedreiras, Caboclos do Mar, Caboclos Flecha, Caboclos “Sete” entre tantos possíveis, baixarem nos terreiros de Umbanda dirigindo os trabalhos espirituais. Não podemos nos esquecer também das Caboclas, como Janaínas, Juremas, Jussaras, Jandiras e tantas outras existentes nas infinitas possibilidades que a espiritualidade pode nos prover...

"Frei Gabriel de Malagrida", o
"Caboclo das Sete Encruzilhadas"
Na literatura umbandista, muito mais pelos autores ligados ao movimento, o desenvolvimento da idéia do Caboclo (entidade) sempre foi ponto fundamental para entendermos e identificarmos a pluralidade das manifestações. Para produção deste texto pesquisamos os mais diversos volumes já editados, e alguns dos textos anteriormente publicados pela internet, entretanto, para ilustramos com alguma diferenciação a força e a centralidade da figura da entidade Caboclo na Umbanda, separamos, um trecho da obra, "O Espiritismo, a Magia e as Setes Linhas de Umbanda, de Leal de Souza, publicado em 1933. Sua importância dá-se por ter sido o primeiro livro que tratava exclusivamente a religião, portanto, ao estudarmos essas matérias torna-se obrigação que passemos por esta leitura, contextualizando o momento e suas tendências. No capítulo que o autor discorre sobre o Caboclo das Sete Encruzilhadas destacamos..."A primeira vez em que os videntes o vislumbraram, no inicio de sua missão, o Caboclo das Sete Encruzilhadas se apresentou como um homem de meia idade, a pele brônzea, vestindo uma túnica branca, atravessada por uma faixa onde brilhava, em letras de luz, a palavra "Cáritas". Depois, e por muito tempo, só se mostrava como caboclo, tanga de plumas, e mais atributos dos pajés silvícolas. Passou, mais tarde, a ser visível na alvura de sua túnica primitiva, mas há anos acreditamos que só em algumas circunstâncias se reveste de forma corpórea, pois os videntes não o vêem, e quando a nossa sensibilidade e os outros guias assinalam a sua presença, fulge no ar uma vibração azul e uma claridade dessa cor paira no ambiente"...

O autor Norberto Peixoto na obra "Umbanda Pé no Chão", descreve as linhas espirituais da umbanda e assim, os Caboclos..."Os caboclos são espíritos de índios brasileiros, sul ou norte-americanos, que dispõem de conhecimento milenar xamânico do uso de ervas para banhos de limpeza e chás para auxílio à cura das doenças. São entidades simples, diretas, por vezes altivas, como velhos índios guerreiros. Com sua simplicidade, conquistam os corações humanos e passam confiança e credibilidade aos que procuram amparo. São exímios nas limpezas das carregadas auras humanas, experientes nas desobsessões e embates com o Atral inferior. Na magia que praticam, usam pembas para riscar seus pontos, fogo, essências cheirosas, flores, ervas, frutas, charutos e incenso"... 

Esperamos ter somado ao entendimento sobre esse Arquétipo, que tão fundamental é aos trabalhos umbandistas. No próximo texto da série exploraremos os amáveis Pretos -Velhos, até a próxima...

Okê Caboclo !!!
Salve os Caboclos da Umbanda !!!
Salve o Chefe !!! Salve o Caboclo das Sete Encruzilhadas !!!  

Que Oxalá esteja com todos !