Saudações a todos !
Em nossas últimas duas postagens, Caboclos e Índios na Umbanda - Abordagem Histórica e Umbanda e Mesa Branca, tentamos apresentar aos leitores informações que buscassem definir por conceitos e contextualizações históricas as explicações ou elucidações acerca dos temas. Outro importante objetivo de nossas abordagens, está na conscientização de uma Umbanda Universalista, ou seja, apesar de termos consciência das suas diferenciações litúrgicas e ritualísticas naturais de um processo de mais de 100 anos de constituição, desenvolvida por agentes inseridos nos mais variados meios sociais, a Umbanda traz consigo um caráter INCLUSIVO, sendo este o viés de nossos textos que com certeza continuaremos a buscá-lo em futuras postagens.
Abaixo segue um excelente texto sobre o Universalismo Umbandista e convidamos nossos amigos leitores a refletirem essas linhas e expressarem suas opiniões acerca do tema. Os créditos e fontes pesquisadas estão no final do texto...
Muito se fala sobre o UNIVERSALISMO ESPIRITUAL e
falam como sendo algo utópico, algo muito além e muito distante de nossa
realidade. Mas será que o Universalismo Espiritual está tão distante assim?
Para responder a isso precisamos primeiro saber o que é universalismo, então
vamos lá! Universalismo: relativo à universal que pertence a todo o universo,
ao cosmos; que se estende a tudo ou por toda a parte; comum a todos os homens;
que é aplicável a tudo; que advém de todos; que não se atem a uma especialidade;
que abrange por inteiro um campo de conhecimento; que universalismo é adaptável
ou ajustável de modo que possa atender a diferentes necessidades; ecumênico. E
agora, o Universalismo Espiritual está distante de nós? É claro que não! E, na
minha opinião, ele é a essência da Umbanda.
A Umbanda é uma religião Universalista, onde não se
admite racismo, preconceito ou intolerância religiosa. Ela está, assim como a
própria representação de Oxalá, de braços abertos recebendo, agregando e
amparando todo e qualquer espírito que queira evoluir e manifestar a Força de
Deus. Na Umbanda manifestam-se espíritos vindos de todas as outras religiões e
regiões do planeta: são hindus, árabes, judeus, budistas, cristãos, índios
brasileiros, negros africanos e até grandes magos ou sacerdotes. Esses
espíritos dotam-se de nomes simbólicos e são identificados perante as
qualidades dos Orixás. Assim, vemos hoje na Umbanda, por exemplo, um antigo e
sábio hindu se manifestando como um Caboclo, ou um renomado doutor se
manifestando como um Preto-velho, ou ainda um grande mago ou sacerdote se
manifestando como Exu, sem preconceito algum, apenas trabalhando e manifestando
as qualidades e atributos específicos da Divindade Suprema – Deus -
transcendendo todas as religiões espalhadas no plano material e sustentando a
evolução de toda a humanidade de forma única e universalista.
A Umbanda surge aberta a toda e qualquer entidade
que queira ou precise se manifestar, independente daquilo o que tenha sido em
vida "todos serão ouvidos e nós aprenderemos com aqueles espíritos que
souberem mais e ensinaremos os que souberem menos e a nenhum viraremos as
costas e nem diremos não". Estas são palavras do espírito que se
apresentou como Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas, fundador da Umbanda no plano
material ao oficializar, em 1908, o primeiro centro umbandista, a Tenda Nossa
Senhora da Piedade. E ele continua: "pois da mesma forma que Maria amparou
nos braços o seu filho querido, também serão amparados os que socorrerem a
Umbanda".
A Umbanda é uma religião Espírita, pois como define
Alan Kardec, no Livro dos Médiuns: "Espírita, é aquele que crê no espírito
e nas suas manifestações". Ou seja, todo aquele que acredita na
manifestação de espíritos, segundo o próprio Kardec, é espírita! A Umbanda
também é uma religião Cristã, pois a Umbanda acredita e aceita a existência de
Jesus Cristo como o maior médium que já existiu, seguindo seus ensinamentos e
seu mandamento maior: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como
a um irmão, não fazendo a esse irmão aquilo que não queremos que façam
conosco". A Umbanda nasceu em meio aos Cultos de Nação e ao Candomblé, mas
cultua Orixá de forma diferente. No Candomblé os Orixás têm aspectos humanos,
são relacionados a lendas e cultuados com grandes festas, com muita dança,
canções e comida. Na Umbanda é uma heresia comparar Orixás a seres humanos
tornando-os ruins e punitivos, justificando, assim, erros e desequilíbrios
próprios do homem. Na Umbanda, Orixás são manifestadores dos Mistérios de Deus
e em suas incorporações realizam todo um trabalho Divino em auxilio à
comunidade. Resumindo, no Candomblé se cultua os Orixás e na Umbanda se
"trabalha" com os Orixás.
Jêjes, Nagôs, Ketos, minas, bantos, indígenas,
católicos, espíritas e muitos outros povos e religiões contribuíram com a
Umbanda, não importando se creem em Orixás, Voduns, Nkisis, Pajés, Santos etc. Na
Umbanda Espíritos de Luz não são eguns e não se apresentam como mentores ou
doutores, mas sim como Guias Espirituais. Exus não são escravos, não trabalham
fora da Lei Divina e obedecem a uma única ordem: a dos Sagrados Orixás, são
espíritos de tanta luz e de tanta sabedoria quanto os Pretos Velhos ou
Caboclos. Na Umbanda não se utiliza do sacrifício de animais e não é através do
jogo de búzios que conseguimos respostas e conselhos espirituais. O Ritual da
Umbanda é simples e até impressiona como se é realizado. A onipresença dos
Sagrados Orixás é percebida por todos da corrente mediúnica e através dessa
presença, do amor, da caridade, da bondade, da fraternidade, da dedicação, da
disciplina e do estudo é que TUDO se realiza, atributos esses necessários a
todos que queiram sentir e se beneficiar dessa Onipresença Divina.
Uma Umbanda esclarecida e estudada em conceitos
universais é a união de todas as correntes astrais e de todas as linhas de
pensamentos que têm norteado a humanidade e harmonizado todas as religiões. O
médium que não entende a Religião de Umbanda como a mais ecumênica das
religiões e que não respeita todas as outras religiões, não é um verdadeiro médium
de Umbanda. Uma Umbanda esclarecida e estudada em conceitos universais é a
melhor garantia de que um "papa" não criará seu trono particular
dentro da Umbanda e que não ditará dogmas que assegurarão o domínio da fé e da
mente de muitas pessoas.
A Umbanda é única, é o micro realizando o macro.
Axé a todos que conseguem trabalhar e aceitar a
Umbanda sem distinção espiritual e como uma religião eclética e Divina.
Escrito por Mãe Mônica Caraccio