sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Diálogo com Autores #01



Amigos e leitores,

É com grande prazer e entusiasmo que apresentamos nosso mais novo projeto, a Coluna "Diálogo com Autores", uma idéia que de alguma maneira sempre perseguimos e movidos por um conjunto de fatores pareceu-nos eminentemente pronta para acontecer. E assim fizemos... 
Neste espaço, prezaremos sempre, a democratização das idéias e opiniões, o bate-papo sério, porém, sem formalidades com os autores que queiram interagir com nosso blog. 
O método empregado, se constituiu por entrevistas, onde, o foco e objetivo central, será o questionamento de temas e tópicos relacionados aos trabalhos (livros/artigos e outras publicações) de produtores (escritores/pesquisadores/colunistas/blogueiros) de conhecimento teórico ou prático sobre questões relacionadas à Umbanda e às religiões espiritualistas em geral. 
Por isso, reiteramos, esse espaço também é seu amigo leitor! Curta , compartilhe, comente, envie sugestões e críticas construtivas...


DIÁLOGO #01 

Iniciamos nosso Diálogo, como o autor Rogério Golembieski. Catarinense, é membro da Federação Primado de Umbanda-RJ. Desde o início de busca na seara espiritual, confrontou-se com questões polêmicas que o levaram a pesquisar e desenvolver-se no ritual de Umbanda, nesta obra, "Rosa Branca de Umbanda", publicada pela Ícone Editora, nossa parceira aqui no blog, o autor compartilha o resultado de quinze anos de pesquisas e de longa luta em busca do conhecimento, apresentando este livro como um auxílio aos que procuram por explicações que fundamentam a prática umbandista de modo a alinhar a ciência e os fatos como norteadores, para os que buscam de forma comprometida, praticar e colaborar com os valores da religião de Umbanda.

Blog N.M.U- É um prazer iniciarmos este trabalho com você e desde a publicação da resenha do seu livro que, certamente indicaríamos aos leitores de Umbanda. Diante disto, veio o estabelecimento dos nossos contatos que ajudou-nos a formatar a idéia deste bate-papo... Como você resumiria sua obra aos nossos leitores? 

R.G “Rosa Branca de Umbanda” é um livro que apresenta uma visão do ritual de umbanda alinhada aos fatos históricos e fundamenta a prática do ritual com uma justificativa antropológica, apresentando os elementos e práticas do ritual de umbanda com base nos símbolos que, ao longo da evolução humana, colaboraram para o surgimento da mitologia,  que em seu contexto traz inserida de forma oculta a sabedoria ancestral, patrimônio de todos e não somente de uma determinada crença ou nação. O texto rompe as barreiras dos rótulos e da posse do ritual como algo que pertence a um paradigma humano, elevando seu contexto para além das fronteiras entre o mundo material e o mundo espiritual.
 A obra resgata a importância dos valores morais e éticos na prática do ritual, alertando e esclarecendo aos praticantes e interessados no assunto sobre as responsabilidades e o compromisso assumido pelos envolvidos nessa religião.
O Livro é dividido em sete capítulos resumidos a seguir:
1.º Capítulo: A história da Umbanda.  Nesse capítulo são abordados temas introdutórios e norteadores do texto, como a história da umbanda, fatos históricos que marcaram o surgimento e a evolução da religião no Brasil. O capítulo apresenta definições de vários autores e praticantes da religião que conceituaram a umbanda, as várias religiões que aderiram ao termo umbanda em sua denominação; destaca a influência do culto de Omolokô que aderiu ao termo umbanda e, como consequência, estimulou o surgimento das várias “umbandas” praticadas no Brasil. O capítulo apresenta ainda a influência do candomblé sobre o ritual.
 2.º Capítulo: O sincretismo e as religiões afro-brasileiras. Esse capítulo apresenta a história do tráfico de escravos e a influência que a religião católica exerceu sobre a formação cultural das religiões afro-brasileiras antes mesmo do surgimento da umbanda no Brasil. São apresentados e fundamentados fatos históricos que marcaram a trajetória umbandista, sofrendo forte influência católica e sendo pressionada pela política da época a ajustar-se ao contexto sociocultural, político e legal, para poder firmar-se como religião independente e conquistar legalidade e amparo legal. O capítulo apresenta fatores que justificam o posicionamento sincretizado, para conseguir introduzir o conceito de orixá na umbanda, sem sofrer represálias legais pelas leis vigentes da época. Contextualiza o orixá no conceito umbandista como força divina e fundamenta os argumentos com uma visão espírita, comparando-o aos conceitos de outras religiões.
3.º Capítulo: Os Orixás na Umbanda. Esse capítulo apresenta o conceito de orixá na África, descreve a diferença entre o conceito africano e o conceito umbandista e define a umbanda como uma religião voltada para o evangelho, posicionando-a como religião cristã. A subseção “Alforria” traz uma tese inédita na literatura espiritualista brasileira, posicionando a umbanda como religião independente dos cultos afro-brasileiros, justamente por sua estrutura, fundamentando a tese com fatos que ocorreram na fundação da religião, como o de que o primeiro nome da religião foi ALA-banda, termo de origem muçulmana em homenagem ao orixá Mallet, que surgiria na história umbandista cinco anos depois de sua fundação e teria se apresentado como malaio, o que permitiu uma interpretação de um ritual ligado à espiritualidade e a valores práticos, livre de conceitos étnicos e costumes ligados à determinada nação. Nesse capítulo são apresentados conceitos sobre a mediunidade, seu surgimento na história, e o impacto que ela causou na história humana, influenciando diretamente o surgimento e a formação do conceito de família e grupo social.
4.º Capítulo: Religião e mitologia. Nesse capítulo o texto apresenta o surgimento da mitologia através dos fenômenos mediúnicos; explica, pela psicanálise, e fundamentando-se em escritores como Armostrong, Xavier  e Jung, como o homem criou os conceitos mitológicos para denominar o que não poderia compreender; destaca como a mediunidade foi usada de forma arbitrária pelo ser humano, dando origem a práticas sem cunho moral, como a goécia, o que levou a espiritualidade a criar uma estrutura espiritual organizada a fim de auxiliar a humanidade e corrigir os desvios morais, criando a religião como magia divina a fim de apresentar oposição à magia negra.   Nesse capítulo são apresentados os motivos pelos quais a umbanda faz uso das imagens e símbolos, e seu valor psicológico na prática do ritual; destaca a linguagem dos símbolos como conceito que justifica o fato de a religião de umbanda ser uma religião voltada para a magia contendo em seu contexto elementos de ritual que justificam a umbanda como religião mística, espiritual e ocultista, nem por isso deixando de ser monoteísta e tendo Deus como única fonte criadora.
5.º Capítulo: Umbanda e magia. Esse capítulo é voltado para a prática do ritual, explicando o uso de velas, fumo, álcool, pontos riscados, pontos cantados, banhos, o uso de guias.  Apresenta a prática das oferendas, justificando-a com base na antropologia, fundamentada em autores como Marcel Mauss, explicando os passos do ritual desde a consagração até a consumação do ato, explicando os motivos e tipos de oferendas praticadas no ritual de umbanda. O texto é fundamentado ainda em obras como Gênesis, de Allan Kardec, que levarão o leitor a refletir a respeito de conceitos que passaram despercebidos nas práticas de outras religiões, mas que estão intimamente ligados à mitologia e simbologia antigas ainda vivas de forma oculta em práticas modernas, e como práticas antigas tornaram-se comuns nos tempos de hoje, tendo apenas mudado sua apresentação, que, mesmo amparadas pelas novas descobertas da ciência, não perderam sua essência espiritual. No final do capítulo, o texto questiona sobre a possibilidade de incorporar-se um orixá, sendo ele uma força celestial, e apresenta uma visão umbandista justificada com base no conhecimento atual sobre espiritualidade.
6º Capítulo:  As sete linhas. Esse capítulo resgata o conceito de sete linhas na umbanda, tendo como base o escritor Leal de Souza. Esse capítulo expõe as sete linhas de umbanda de forma comparativa, apresentando a visão holística da umbanda sobre o orixá de cada linha, o orixá como um personagem histórico e sua respectiva lenda, segundo a obra do antropólogo Verger Fatumbi, a personificação do orixá como parte da psique humana e as características apresentadas quando os guias de cada orixá estão incorporados em seus médiuns.
7º Capítulo: Exú o negativo. Esse capítulo apresenta conceitos sobre a linha de Exu, sua finalidade, sua forma de trabalhar e a influência que a religião católica teve na formação do conceito negativo sobre essa linha de trabalho, principalmente por associá-la ao diabo e à prática do mal. O texto discorre sobre temas como a reencarnação, leis cármicas, ação e reação, e adverte os praticantes quanto à responsabilidade pelo uso da magia através de um alerta do mestre W.W. da Matta e Silva. Mostra como a religião é desligada do conceito de dualidade na vida espiritual, apresenta Exu como um trabalhador do mundo astral fundamentando sua eficiência e compromisso com trechos de obras como “Ação e reação”, Chico Xavier,  apresenta a fase de transição entre as dimensões material e espiritual, a força das leis divinas e a necessidade do desapego material na prática da umbanda, uma religião totalmente voltada e comprometida com a CARIDADE! O capítulo traz respostas para perguntas como: O diabo existe?  Por que Exu é associado à imagem de um ser com pernas de animal e chifres? Exu só faz o mal? Por que Exu é chamado de esfera? Por que a palavra Exu é traduzida como esfera? 
Por fim é apresentada a linha de Exu, sua visão holística na umbanda, Exu como personagem histórico e sua respectiva lenda, sua personificação na psique humana e o porquê de Exu ser conhecido como o senhor das encruzilhadas.

Blog N.M.U- Conte-nos um pouco sobre sua trajetória na Umbanda. É médium? Sacerdote?

R.G- Minha caminhada na senda espiritual começou muito cedo, sempre gostei muito de coisas holísticas, mas o contato com o espiritismo veio por motivos de saúde, comecei a ter os sintomas da mediunidade e por falta de informação e por preconceito, demorei muito para considerar a possibilidade de ser médium pois não conhecia o espiritismo.Iniciei no Kardecismo no qual tive o imenso prazer de ter contato com as obras de Kardec, Chico Xavier (André - Luiz), fiquei quatro anos estudando e não tive a oportunidade de trabalhar na mesa mediúnica,  aguardei pacientemente e a resposta era sempre a mesma, eu era médium, precisava trabalhar mas a mesa mediúnica era fechada e a minha presença podia interferir nos trabalhos, então um dia perguntei o porquê de estar tomando passes a 4 anos mas já havia se passado tanto tempo que ninguém lembrava o motivo. Foi o limite para que eu buscasse respostas mais assertivas e foi então que fiz uma "consulta" com uma entidade chamada Ogum 7 espadas, a partir dai foi uma sequência de acontecimentos que me levaram a me tornar sacerdote na umbanda. Era meu destino!

Blog N.M.U - Como na Umbanda, estamos livres de qualquer “Doutrina Mestra”, e os ritos são livres, geralmente fruto da formação cultural de seu dirigente e das entidades que o assistem. Podemos falar  em diferentes “manifestações” ou “vertentes”. Você se sente pertencente a alguma dessas vertentes? Poderia nos explicar, doutrinariamente o que te leva a pensar assim?

R.G- Pertenço a vertente do Zélio Fernandino de Moraes porque os fatos comprovam que não havia Umbanda antes do Caboclo das 7 Encruzilhadas. No livro Rosa Branca de Umbanda o capítulo "alforria" fala justamente sobre isso, o que houve foi uma confusão por conta da fundação da federação que liberou alvarás para umbandistas e a partir dai para se legalizar as pessoas tiveram que tirar alvarás como umbandistas, o que acabou por sincretizar vários ritos. 
Creio que a Umbanda tem sua história particular e ainda existe muita confusão quanto a esse fato. Quanto à doutrina, creio que todos os avatares da humanidade são unânimes em admitir e pregar sobre as leis espirituais e eternas, todos são unanimes em falar da lei de causa e efeito, reencarnação, evolução e etc., leis que já eram ensinadas a milhares de anos nas religiões orientais e acredito que acima das formas exteriores estão os valores de caridade, fraternidade e amor, quanto a isso sou cristão e então sigo a umbanda cristã. Creio num Deus único, vejo as entidades como espíritos sublimes e superiores que através da caridade universal nos auxiliam em misericórdia e fraternidade, mas não venero os Orixás como deuses porque acredito que somente o Criador é digno de reverência, o que sinto e pratico quanto aos Orixás é gratidão e respeito, pois creio que eles são grandes mestres da espiritualidade.

 Blog N.M.U - Sobre seu livro...  

Quando decidiu escrever? 
R.G- No inicio era para ser apenas uma apostila de estudos, tomou proporção e então resolvi escrever um artigo, em seguida veio à mensagem do meu guia espiritual; Era para ser um livro!
Quais foram suas principais motivações? 
R.G- Nunca aceitei a fé cega, procurei saber sobre a prática nos terreiros em que participei, com o tempo percebi que muitos não sabiam exatamente o porquê das coisas, apenas praticavam, não consegui aceitar isso, em seguida percebi que na maioria das vezes a doutrina era para desenvolvimento mediúnico voltado para incorporação (preparação do cavalo), e que o questionamento moral não era bem vindo, me revoltei com a idolatria, os sacerdotes se cobriam com outro e exigiam que sua mão fosse beijada, enquanto Jesus lavou os pés dos apóstolos e pregou a caridade, cheguei a presenciar o fato de pessoas serem ameaçadas espiritualmente por desejarem se afastar de terreiros, presenciei o absurdo de um sacerdote dizer que se a pessoa saísse do terreiro as entidades ficariam aprisionadas, ou seja, o ego do ser humano tentado se apoderar da fé e da devoção alheia.
Infelizmente presenciei absurdos, mas também fui abençoado por conhecer pessoas maravilhosas então resolvi escrever e divulgar a obra a fim de proporcionar informação para quem a estivesse procurando, por isso a minha parte da edição foi doada, estão sendo vendidos somente a parte da editora.
Como se desenvolveu o processo de produção? Por quanto tempo pesquisou?
R.G- Foram cinco anos de pesquisa, eu tinha que trabalhar então fazia tudo nas horas vagas e nos finais de semana, depois de pronto veio a revisão, diagramação e tive que ir à São Paulo para lançar o livro pela Ícone Editora. 
Quais foram as maiores dificuldades enfrentadas no processo?  No mercado editorial a proposta do livro foi bem recebida? 
R.G- A maior dificuldade foi a financeira, pois fiz tudo por conta própria e doei tudo. Para lugares longínquos onde havia interesse doei a obra e paguei o frete, foi até para Portugal, fui fiel ao principio umbandista; CARIDADE!
Podemos classificá-lo como um livro doutrinário?
R.G- Sem dúvidas, essa foi a proposta, o ideal e o foco. O livro é todo embasado com citações diretas, justamente para dar ênfase ao estudo e colaborar diretamente na doutrina Umbandista.

Blog N.M.U- Percebemos entre os temas que aborda no livro, um alinhamento muito claro de suas ideias com a doutrina Kardecista, ou uma tentativa de se fazer paralelos com seus princípios e os conceitos do universo umbandista. Esta percepção procede? Já recebeu alguma crítica por isso?

R.G-O alinhamento com a religião cristã e o kardecismo foi uma das principais propostas, presenciei pessoas que por serem umbandistas se sentem mal ao serem convidadas a uma cerimonia católica, evangélica ou kardecista. Se o umbandista é uma pessoa que pratica o bem qual o problema? Se estivermos convictos sobre os valores nobres de nossa religião, como pode haver incompatibilidade com a doutrina kardecista?Como pode haver incompatibilidade com a religião Cristã? Nos terreiros não temos a imagem de Cristo?As citações bíblicas, Kardecistas, etc servem de base para justificar as teses defendidas na obra, quem ler o livro vai perceber que os temas Kardecistas, passagens bíblicas etc. só reforçam e defendem a umbanda.

Blog N.M.U-A pergunta anterior suscita uma discussão que infelizmente existe tanto na Umbanda quanto no movimento Espírita (aqui entendemos seguidores da doutrina de Kardec), e até com outras religiões com quem a Umbanda sincretizou. Pessoas e até líderes se colocam de maneira negativa frente a visão do outro. É muito comum ainda em nossa sociedade, diante de tanta informação, potencializada pela tecnologia, vermos formadores de opinião “pregando” contra isso ou aquilo e querendo fornecer uma “razão” doutrinária que é antes de tudo, muito relativa. Como você enxerga esse panorama em que a Umbanda juntamente com outras religiões, convivem, segundo o senso comum dentro do mesmo universo?

R.G-A Umbanda tem sofrido "violência" sem ter como se defender, isso foi um dos principais motivos que me levou a escrever, Retornamos ao problema do ego, "o que é  meu  é melhor do que o do outro” intolerância, falta de empatia, falta de fraternidade e amor.  Muitos acreditam que o simples fato de estarem numa religião faz com que não precisem se preocupar com mais nada, a culpa é transferido para o diabo, obsessor, trabalho feito, as dificuldades Deus, os orixás ou trabalhos de magia resolverão,  e isso no meu ponto de vista gera uma zona de conforto que muitas vezes atrasa a evolução das pessoas por não se preocuparem em ocupar seu lugar na vida, não se preocuparem em assumir as responsabilidades que são pertinentes a todos os seres humanos. Quando surge uma doutrina que transfere ao ser humano a responsabilidade pelo seu destino isso assusta, gera desconforto e na maioria das vezes revolta. Presenciei muito disso quando questionei sacerdotes sobre maldades que são feitas em troca de dinheiro ou sobre o fato de uma religião que se diz espiritualista aceitar bens materiais em troca de favores, por isso a doutrina Kardecista foi usada para embasar a obra, a moral pode mudar de acordo com os costumes, mas a ética é o conhecimento sobre o bem e o mal, e isso é igual em todas as religiões, matar, roubar, trair, enganar é igual em todas as religiões, caridade, fraternidade e amor também.
Outro grande problema é  "o comercio da fé". Se trabalhassem todos para a caridade não haveria marketing, discussões e conflitos, dificilmente se vê pessoas em disputa para ver quem doa mais pão aos pobres ou agasalhos para os desabrigados. Outro fator que infelizmente temos que trabalhar muito para melhorar é a imagem da nossa religião perante a sociedade, infelizmente o mau uso do conhecimento acabou associando a umbanda à prática da maldade, à imagem da "macumba, trabalho, magia negra" infelizmente a oferta de favores espirituais em troca de bens materiais ainda é muito grande, o que entristece é que a corrente do astral inferior ganha muito com isso haja vista que quem faz terá que pagar por isso, quem paga para fazer também e com isso o mal aumenta no mundo. A lei divina é implacável e o retorno é eminente, no entanto o mal esta feito. Fora isso acredito que no mais tudo ocorre por conta da interpretação pessoal que algumas pessoas fazem dos textos bíblicos, de acordo com o seu interesse em manipular o povo como massa de manobra.

Blog N.M.U- A composição dos estudos referentes aos Orixás contida em seu livro apresenta no início de cada capítulo uma “visão holística”, que busca relacionar os aspectos intrínsecos de cada energia com outros entendimentos e pontos de vistas. Uma grata surpresa ao leitor interessado em expandir seu entendimento sobre os Orixás. Poderia explicar mais acerca desta concepção?

R.G- Isso partiu do fato de que presenciei pessoas invocando a força do Orixá para fazer coisas ruins da mesma forma que presenciei pessoas invocando para fazer coisas boas. Com base nisso aprendi e acredito que o Orixá se manifesta em tudo e em todos. A visão holística foi escrita para auxiliar o leitor a identificar elementos dos orixás como energias divinas que vibram em todo lugar o tempo todo, indo além do mito da personalidade estimulando o leitor a expandir sua percepção para além das formas físicas.

Blog N.M.U- O movimento umbandista na atualidade tem sofrido muitas mudanças, fruto das transformações socioculturais a que estamos todos submetidos. Recentemente, publicamos aqui no blog, através de nosso editor, um texto sobre a “Escolarização da Umbanda”, onde aspectos positivos e negativos da cultura de informação através de cursos “online” possam possibilitar uma formação umbandista aos simpatizantes e leigos.  Quais suas opiniões sobre o assunto?

R.G- Sou a favor de cursos sobre doutrina moral, historia e cultura das religiões, mas como a Umbanda é uma religião que pratica a magia e esse fator pertence "na minha opinião" ao mundo espiritual, não pode ser catalogado, não pode ser ensinado por livros, é um aprendizado que é passado pelas entidades de acordo com a sua evolução moral.
Maus espíritos ensinam coisas ruins por que se comprazem na maldade, bons espíritos auxiliam sempre, mas não tem interesse em delegar poder ás pessoas que desejam consolidar seus desejos egoístas. Umbanda tem fundamento é preciso estudar "OS FUNDAMENTOS", mas as práticas magísticas são do mundo espiritual, acho que o verdadeiro umbandista é comprometido com o bem que pode fazer ao seu semelhante e não com o poder que pode desenvolver. Quem tem que saber sobre magia é o Guia espiritual, ele é o responsável por isso, o médium tem que aproveitar a oportunidade de servir e ser feliz. Na Umbanda se não houver caridade, fraternidade e amor tudo se tornará cedo ou tarde num fardo e muitos desistirão. Aconselho a se apegarem ao bem que se pode fazer e se satisfazerem em secar uma lágrima, dar um abraço, estender a mão ao faminto e desabrigado, essa é a nossa magia, além disso, é coisa dos espíritos, quem coloca o desejo de aprender magia acima do desejo de servir pode estar obcecado por poder e vaidade.

Blog N.M.U- Através do blog, desenvolvemos também, um artigo sobre “indicações literárias para umbandistas iniciantes” onde dividimos as obras por categorias além de prezarmos, sobretudo, as publicações entendidas como as de “dentro” da religião. Para os leitores que nos acompanham, poderia nos indicar uma lista de 10 (dez) livros fundamentais para conhecermos a história, a doutrina e cultura da Umbanda?

R.G-  1º Lugar sem duvida: O espiritismo, a magia e as 7 linhas de umbanda de Leal de Souza, Por ter sido ele o primeiro escritor umbandista e por ter escrito aquilo que vivenciou na presença do Caboclo das 7 Encruzilhadas.
2º Lugar: A Gênese de Allan Kardec;
Apesar de não ser literatura umbandista, me desculpe sair do foco, é um livro que embasa e defende valores espirituais que são universais, esse livro pode esclarecer muitas duvidas de muitos umbandistas que procuram respostas sobre a vida eterna.
3º Lugar: Umbanda de todos nós, de W.W.da Matta e Silva.
4º Lugar: Os Orixás, Deuses Iorubás na África e no mundo de Pierre Verger.
5º Lugar: Exu, de mensageiro a diabo, de Reginaldo Prandi.
6º Lugar: Orixá Exu, De Rubens Saraceni.
7º Lugar: Tambores de Angola, de Robson Pinheiro.
8º Lugar: Ação e Reação de Chico Xavier. Nesta obra apesar de não citar diretamente, há um capitulo que descreve a ação de Orzil um guardião no astral inferior.
9º Lugar: Lírios de esperança, de Wanderley Oliveira.
10º Lugar: Rosa Branca de Umbanda, de minha autoria.Por se tratar de uma obra destinada ao auxilio do publico umbandista que procura respostas históricas, doutrinarias e éticas para nossa amada religião.

Blog N.M.U- Agradecemos a oportunidade de proporcionar ao blog e aos leitores que nos acompanham a possibilidade de entendermos mais aspectos que fazem umbandistas, como você, e por todo o país, pesquisarem e escreverem sobre a religião. Neste último momento, oferecemos espaço sem qualquer limitação, para deixar aqui, um registro aos nossos simpáticos...

R.G-Agradeço a grande oportunidade, peço que perdoem quaisquer palavras mal colocadas que possam ser mal interpretadas, creio que um dia todos nos uniremos em uma única religião, a religião do bem que podemos fazer a fim de resgatarmos nossos Karmas, na minha humilde concepção a vida é uma passagem onde podemos nos melhorar através da lei do progresso e esse progresso pode ser agradável desde que nos concentremos nas possibilidades de praticar o que é ético e gerar bons sentimentos, acredito que nosso espírito não tem forma definida e que palavras e atitudes definem a nossa forma espiritual, consequentemente ao transmitirmos boas impressões, provocamos bons sentimentos e isso se multiplica, termino com as palavras do meu guia espiritual "Pai Joaquim de Angola" que não se cansa de ensinar sua "magia milagrosa"... Luz nos pensamentos, doçura nas palavras e boa vontade nas atitudes.
Gratidão infinita, Deus esteja com todos, meu fraterno Saravá!