Olá amigos e leitores !
Neste último 15 de Novembro, a Umbanda, completou 107 anos de existência e todos nós umbandistas de uma maneira ou outra lembramos, celebramos e comemoramos as diretrizes perpetuadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas em 1.908 através do médium Zélio de Moraes.
Para isso, é importante que não esqueçamos o símbolo e lema máximo da religião... "Umbanda é a manifestação do espírito para a pratica da caridade".
Para isso, é importante que não esqueçamos o símbolo e lema máximo da religião... "Umbanda é a manifestação do espírito para a pratica da caridade".
Nossa colaboração no resgate e divulgação à memória da religião tem um caráter informativo, mesmo que não possuamos conhecimentos específicos das práticas jornalísticas tentaremos descrever nesta postagem, nossas impressões do evento comemorativo do qual participamos e convidamos os amigos a refletirem por aqui algumas questões....
No sábado, 14 de Novembro, estivemos na cidade de Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, onde participamos de um dos eventos que compõe as atividades da Semana Umbandista promovida por uma iniciativa conjunta de Tendas da região, poder público e comerciantes locais com organização direta da TUCCA - Tenda de Umbanda Casa de Caridade Cabocla Anay.
A palestra "Ser Umbandista" contou com uma mesa de oradores composta por lideranças locais incluindo um representante do poder executivo da cidade, além da presença especial do Médium, Dirigente e Escritor Alexandre Cumino, e o mais importante, foi aberta ao público em geral, sem qualquer cobrança para participação.
Cumino, após todas as apresentações dos demais oradores, proporcionou aos presentes uma reflexão sobre a dimensão dos símbolos e marcos representados na Umbanda e do que nós umbandistas precisamos "buscar" para entendermos e nos relacionarmos dentro de um contexto social que além de diverso, preconceituoso e muitas vezes, infelizmente, intolerante, a fim de nos posicionarmos como umbandistas perante a sociedade.
O exercício de reflexão, que leva-nos à nos posicionarmos publicamente como "umbandistas" ultrapassa os limites das práticas mediúnicas ou assistenciais das tendas e terreiros, ou seja, segundo nosso palestrante devemos desenvolver atitude pró-ativa na busca de informações para entendermos o universo que estamos inseridos, bem como sua história, significados, contextos regionais e culturais, legislação e práticas éticas que permitam, somar um conjunto de conhecimentos que sustentem nossa causa de forma positiva e contrariando o discurso que há muito já deveria ter sido abolido... "Eu não preciso saber de nada, pois, meu guia sabe tudo e isso me basta".
Entre as experiências compartilhadas, a que mais simbolizou e lembrou o "aniversário" da Umbanda, foi o breve histórico apresentado logo no início da palestra que resgatou aos que já conheciam, e ilustrou para os que não tinham idéia alguma do processo histórico, sobre os acontecimentos da anunciação da religião pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas através de Zélio de Moraes em 15 de Novembro de 1.908.
O diálogo travado entre o Presidente da sessão Espírita e o então "Caboclo", girou em torno da negativa do Dirigente que repelia as manifestações dos espíritos de índios e negros que ali se apresentavam, alegando improcedente a capacidade dos seres em realizarem qualquer trabalho de qualidade no auxílio e resgate dos necessitados, tendo em vista, suas formas de apresentação serem consideradas inapropriadas para a tarefa. Seguindo o debate, o mesmo dirigente interpelou o Caboclo sugerindo que via através das suas possibilidades mediúnicas de clarividência, um padre jesuíta em vestes clericais e solicitando explicações que justificassem sua apresentação na defesa aos referidos espíritos, a resposta do Caboclo foi...
..."Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios poderão dar sua mensagem e, assim, cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim"...
O Caboclo, ainda explicaria que em uma de suas encarnações teria sido um índio brasileiro e por isso adotava tal nomenclatura para se apresentar, e confirmou também a visão do Dirigente que o enxergava como jesuíta, assumindo que fora o Frei Gabriel de Malagrida condenado à forca e a fogueira da Inquisição por prever o terremoto em Portugal de 1.755 .
Deste episódio, conseguimos extrair alguns conceitos que norteiam a Umbanda e seu propósito de atender à todos sem distinção, os simbolismos referentes aos nomes de trabalho dos Guias que representam suas energias ou forças de atuação e não seus nomes próprios como alguns pensam, enfim, mostra-nos o caráter tolerante e inclusivo que devemos com todo discernimento sempre defender.
Agradecemos aos que defendem, perpetuam e celebram a Umbanda além dos limites de suas tendas, devemos reconhecer e parabenizar todas as iniciativas que fomentem principalmente a "informação" como base de trabalho e defesa à História de nossa religião tantas vezes mal interpretada até mesmo por seus próprios praticantes, assunto esse já abordado por aqui com o texto "o perigo mora em casa".
Por fim, agradecemos também à iniciativa dos umbandistas de Caraguatatuba no litoral norte de São Paulo, que realizam à três anos os eventos dedicados ao movimento cultural de Umbanda na nossa região.
Que Oxalá esteja com todos !